A Ultrapar (UGPA3) apresentou um desempenho surpreendente no último trimestre, com seu EBITDA recorrente atingindo R$ 1,992 bilhões, superando as estimativas do Bradesco BBI em impressionantes 34% e ultrapassando o consenso em 40%.
Segundo os analistas Vicente Falanga e Ricardo França, o resultado acima do previsto foi impulsionado principalmente pela margem superior à esperada da Ipiranga, que alcançou R$ 244/m³, enquanto a estimativa do BBI era de R$ 170/m³. O fluxo de caixa livre (FCFE) da Ultrapar atingiu R$ 1,4 bilhão, impulsionado pela forte geração de caixa operacional, alinhada ao desempenho do EBITDA.
Redução expressiva de dívida e perspectivas caucionárias.
Como resultado do desempenho excepcional, a Ultrapar conseguiu reduzir sua dívida líquida em cerca de R$ 1 bilhão, passando de R$ 8 bilhões no 2T23 para R$ 7,1 bilhões, resultando em uma alavancagem de 1,4x, em comparação com os 2,1x do trimestre anterior. Contudo, os analistas expressam cautela em relação ao futuro. “As margens provavelmente se normalizarão em um nível inferior aos R$ 244/m³ deste trimestre, mas ainda não temos certeza de qual será o nível”, afirmam Falanga e França, apontando para a volatilidade contínua nos preços dos combustíveis como um fator de incerteza.
Em relação ao próximo trimestre, os analistas preveem desafios, destacando que “para o 4T23, acreditamos que as margens deverão sofrer uma queda acentuada”. Eles explicam que a Petrobras está vendendo combustíveis a preços acima do PPI (preço de paridade internacional) e reduzirá provavelmente os preços, o que resultará em perdas de estoque. Além disso, observam que o mercado parece estar mais bem abastecido com a reabertura da janela de importação.
No geral, enquanto a Ultrapar comemora um trimestre notável, a incerteza nos preços dos combustíveis e os desafios esperados no próximo trimestre destacam a complexidade do ambiente onde a empresa opera, requerendo uma abordagem cautelosa por parte dos investidores.
