As ações da Vale (VALE3) operam em baixa nesta quinta-feira (25) após a mineradora divulgar o balanço do primeiro trimestre de 2024 na noite da quarta-feira (24), que foi considerado fraco e abaixo do esperado pelos analistas.
A companhia, uma das maiores produtoras de minério de ferro do mundo, registrou lucro líquido de US$ 1,7 bilhão, enquanto analistas consultados pela LSEG esperavam lucro de US$ 1,9 bilhão.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado da companhia caiu 7% entre janeiro e março, a US$ 3,44 bilhões, enquanto os analistas estimavam US$ 3,66 bilhões.
No documento publicado nesta quarta-feira, o CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo destacou que a companhia está tendo progresso com projetos de crescimento, “que ajudarão a melhorar a qualidade e flexibilidade do nosso portfolio de produtos”.
Confira, abaixo, os comentários dos analistas sobre o balanço:
Safra: revisões em Brumadinho e Mariana
“Estamos otimistas com relação à evolução sequencial das métricas operacionais (por exemplo, volumes e breakeven de EBITDA), devido ao clima mais favorável e aos preços mais altos de cobre e níquel. Do lado negativo, a Vale atualizou suas expectativas para os desembolsos de caixa relacionados a Brumadinho e Mariana (veja aqui), que, de acordo com nossos cálculos, aumentaram de US$ 12,4 bilhões para US$ 14,2 bilhões, ou US$ 1 bilhão de VPL (~2% do valor de mercado)”.
Goldman Sachs: incertezas em foco
“Com base em nossas conversas, observamos que a exposição dos investidores ao minério de ferro e à Vale tem sido muito baixa, principalmente devido a uma combinação de incerteza em torno da demanda de aço da China em 2024 (início de ano fraco, já que o crescimento sazonal da produção de aço decepciona), mas também devido à preferência pela exposição ao cobre (no caso de investidores globais) ou celulose (no caso de investidores locais brasileiros).
Embora existam incertezas relacionadas às notícias sobre um acordo final de reparações da Samarco, a renovação de suas concessões ferroviárias, a suspensão das licenças de operação de mineração de Onça Puma/Sossego e o processo de sucessão do CEO, observamos que nossa equipe de commodities espera que a pressão sobre os preços do minério de ferro aumente.
A Vale está sendo negociada a 5,0/4,6x EV/EBITDA 2024E/25E e rendimento FCF de 10%/8%, com desconto múltiplo de 18% para pares; mantemos nossa classificação de Compra”.
XP Investimentos: resultados devem melhorar
“Vemos os resultados (fracos) de hoje como desproporcionalmente impactados por fatores macroeconômicos contrários, com a queda dos preços das commodities ao longo do primeiro trimestre levando a uma realização de preços mais fraca do que o normal e a valorização do real afetando negativamente os custos. Com os preços do ferro de volta ao nível de US$ 110–115/t e o BRL saltando para ~R$ 5,15, esperamos que os resultados melhorem gradualmente nos próximos trimestres.
Além disso, acreditamos que os atuais níveis de preços do minério de ferro implicam espaço para um valor atrativo de dividendos no 2S24, com a assimetria positiva entre ação x commodities que vemos para a Vale proporcionando uma margem de segurança, em nossa opinião, reforçando nossa postura positiva em relação ao nome”.
BTG: preocupações gradualmente abordadas
“A empresa conseguiu entregar uma geração de caixa bastante decente no trimestre (yield anualizado de 15%;, sim, 2/3 disso é uma liberação de capital de giro não recorrente), e o volume de minério de ferro está nas máximas de vários trimestres. Por conseguinte, sentimos que várias preocupações importantes dos investidores estão sendo gradualmente abordadas pela administração, o que é bem-vindo. Por enquanto, ainda mantemos a nossa recomendação Neutra, pois preferimos esperar por mais visibilidade sobre as principais fontes de riscos (por exemplo, sucessão do CEO, provisões) e ainda acreditamos que dividendos extraordinários são improváveis este ano”.
EQI Resesearch: ceticismo
“Olhando adiante, vemos a Vale com resultados piores ao longo do ano, principalmente em função da realização de preços médios de minério piores ainda a transitar pelo resultado. Por fim, reforçamos que as expectativas anuais de consenso para Vale deverão continuar a ser revisadas para baixo ao longo do ano. Fora isso, falta de visibilidade estratégica também contribui para nosso ceticismo em relação à VALE3. Portanto, continuamos fora”.